MOVIMENTO OKAN

INCLUSÃO DO NEGRO NO AMBIENTE PSICANÁLITCO

O Brasil é o país que tem a maior população negra fora do continente africano, 56% da população brasileira, porém isso não se reflete nas instituições psicanalíticas. Seria a psicanálise no Brasil uma prática de branco para brancos?

O racismo segue fazendo história em nossas casas psicanalíticas? Pelas evidências em seminários, conferências e instituições de formação de psicanalistas, pode-se ter uma afirmativa: seja por omissão, conivência ou indiferença, perpetuamos as ideologias dos colonizadores. O racismo envolve a questão de delimitar territórios, de marcar fronteiras, que visam fazer do conterrâneo negro e negra um estrangeiro.

Seguindo pela fala da conhecida mundialmente Sra. Françoise Dolto, para a precursora Isildinha Baptista, psicanalista brasileira e negra: “Me perdoe, não tenho o que falar. Sua fala sangra. Sua fala é você, a psicanálise lhe deve isso, temos que pensar sobre isso.” Contudo, o negro está fora do ambiente de formação de psicanalistas, seja pela fronteira estabelecida, ou mesmo por dores intrínsecas de centenas de anos, talvez por falta de identificação.

O negro continua sangrando pelas diversidades que a sociedade o coloca e contribui para suas angústias. Em que lugar está a fala do negro nos consultórios e instituições psicanalíticas? Nesse sentido, nós do Instituto Liebe de Psicanálise, coordenado por Claudia Barata, psicanalista e filha de Rosa R. Barata, mulher negra, juntamente com Esterlina Cecília dos Santos, psicanalista negra, e César Augusto de Campo Lima, psicanalista negro, desejamos inserir negros no ambiente psicanalítico através do MOVIMENTO OKAN – PSICANÁLISE PARA NEGROS.

Em conjunto com o MOMUNES – MOVIMENTO DE MULHERES NEGRAS DE SOROCABA, propomos:

  • Propiciar uma troca de experiências entre o saber negro e a psicanálise.
  • Criar novas perspectivas para que psicanalistas de origem “branca” entendam a dor do negro.
  • Reconhecer a fala que sangra e requer um lugar.
  • Possibilitar um lugar de escuta e, em consequência, formar psicanalistas negros.

O objetivo é propiciar um ambiente psicanalítico que crie possibilidades de formar psicanalistas negros e, assim, contribuir para a quebra do racismo no ambiente psicanalítico de Sorocaba e do Brasil.